Mazzarolo Anghinoni

VIDA: Sentimentos e Poesia

Textos

CONTOS DA CASERNA - RECRUTA ANGHINONI- I
- O recruta, Adamir Nivaldo ANGHINONI, se apresentando, PRONTO PARA O SERVIÇO, SENHOR!!!
- Era o ano de 1975 e após ter sido dispensado do Servço Militar Inicial, por excesso de contingente, em 1971, pois é da Classe 52, em 26 de março de 1975, apresentou-se pronto para servir a Pátria, no Quartel do 3º Batalhão de Comunicações do Exército - 3º B COMEX, em Bento Gonçalves- RS.
- Para tal feito foi preciso que o recruta Anghinoni, que estava de férias em Videira– SC, onde aproveitava os últimos dias de descanso após trabalhar arduamente, como Caixa Executivo, no Banco Mercantil de São Paulo, o MERCAPAULO, lá mesmo em Bento Gonçalves, interrompesse esse descanso, após ouvir nas rádios regionais, seu nome numa lista onde eram convocados vários jovens para se apresentarem para o Serviço Militar.
Atravessou, de ônibus, o estado de Santa Catarina chegando em Castro Alves, distrito de Nova Roma do Sul- RS, e informou a seus pais que teria de ir para o Exército. Teve o apoio de todos. Dos pais, dos irmãos e irmãs, dos sobrinhos e sobrinhas e dos amigos(as). Na segunda-feira seguinte, foi até Bento Gonçalves- RS, indo ao MERCAPAULO, banco em que trabalhava, desistindo do restante das férias e no dia 26 de março de 1975, ainda pela manhã, apresentou-se no 3º BCOMEX.
Foi muito bem recebido pelo 3º Sgt Flores, que era o comandante da Guarda e encaminhado ao Sr Cap Celso, que respondia pela Ajudância Secretaria e pela CCPCR. Entregou algumas cópias de documentos que lhe foram solicitados e mais uma vez encaminhado para outro setor. Desta feita foi mandado para a Barbearia. Lá o Cb Jornada, que era, também, zagueiro do Esportivo Futebol Clube, equipe de futebol do quadro profissional no Rio Grande do Sul, fez uma brincadeira com o recruta Anghinoni: ao cortar o cabelo o fez apenas do lado direito, deixando o restante comprido, pensando que o recruta se chatearia. Mas o recruta Anghinoni sequer se preocupou saindo para ir a outro setor; e já no pátio do quartel foi abordado pelo Major Torres, ao qual informou que o Cb Jornada havia feito aquilo com ele. O major foi com o recruta até a barbearia e fez o cabo cortar o cabelo conforme mandam as normas e os padrões militares. Aí estava a primeira vitória na longa carreira desse recruta.
Em seguida apresentou-se na CCSv onde recebera o fardamento e já integrou os pelotões de treinamento básico.
Estremeceu ao ver tamanha ignorância de alguns militares e ao perceber que os comandantes usavam de palavras e modos ásperos ao tratar com os seus subordinados.
Estava acostumado a ser tratado com carinho e muito amor em sua casa em Castro Alves- RS, onde nascera. Mas ali tinha a impressão que iria colher malmequeres e tratos de pouca valia que iriam forjar a sua formação militar. Após algumas semanas de treinamento, solicitou para trocar de companhia, pois havia aderido aos treinamentos do PELOPES(Pelotão de Operações Especiais), no que foi atendido, indo se apresentar na CCPCR. Inúmeras vezes foi elogiado pelos seus superiores e muitos prêmios ganhou nas diversas e inúmeras competições em que participou. Ao todo são 79(setenta e nove) medalhas. Destacando-se no FUTSAL, Futebol de Campo, Tênis de Mesa e de quadra, Volei, Basquete, atletismo e mais tarde em ORIENTAÇÃO. Também, foi agraciado com a convocação para fazer o Curso de Cabos com especialização em Eletricidade de Viaturas, fez curso de motorista Civil e Militar, sendo aprovado com Muito Bom(MB) aproveitamento em todos. Também, foi isncrito no exame de seleção para a Escola de Sargentos, pelo 1º Sgt Helmut, ao qual é grato até os dias de hoje. Nesse concurso, passou em segundo lugar no estado e aguardou o ano de 1976 começar para ir para a EsIE, Escola de Instrução Especializada, no Rio de Janeiro.
Estava treinado e preparado na QM 11-071, Manutenção de Comunicações e com expecialização em Decodificação de Mensagens e construção de vias telefônicas. Sempre foi muito ativo e interessado no que fazia e comandava muito bem.
No seu dia-a-dia, muitas vezes via o grupo de colegas e a companhia como um todo, sofrendo com o comando de alguns militares despreparados, mas espelhava-se no seu comandante imediato, Sr Cap (Celso) Della Nina e no Comandante do Quartel, Sr Cel David (Vieira) Cabral; via o rosnado implacável do Ten Teófilo da CCPC, mas também via a tranquilidade de comando do Sr Ten Pedro Marçal; via a intolerância do Sgt Flores, mas espelhava-se na capacidade e bondade do Sr Sgt Sadi; via a frieza de muitos Sargentos e Oficiais, mas tinha como exemplo o bondade do Sgt Flamarion.
Assim, como os rios que começam pequenininhos e após tornam-se caudalosos, apoderou-se desses exemplos todos, bons e ruins, sorvendo o máximo de conhecimento e aprendizado.
E foi assim que o recruta Anghinoni, em 1976, partiu de Bento Gonçalves, foi para Porto Alegre e de lá para a Escola de Instrução Especializada, no Rio de Janeiro, para realizar o Curso de Sargento das Armas daquele ano.
Ali conhecera novos rostos, fez novos amigos e vislumbrou uma nova aurora para sua vida profissional.
Por estar fortemente preparado, pois havia forjado um caráter pessoal excepcional, decorrente de todas as circunstâncias, mazelas e seus matizes vividos nesse primeiro ano de caserna e da amizade e da confiança, que colhia, tornou-se um aluno brilhante.
Segundo, sabe-se, foi e é benquisto em todo meio militar, tanto pelos seus pares e subordinados, quanto por seus superiores, onde foi muitas vezes elogiado e tomado como exemplo para os oficiais advindos das várias escolas militares.
O recruta Anghinoni, tornou-se Sgt Topógrafo, serviu em vários quartéis cumprindo sempre com suas obrigações e deveres, mas jamais esquecendo de seus direitos.
Muitas vezes foi criticado, alcunhado por uns tipos de “militar discutível” ou discutido e por outros elogiado e amado. Sempre defendeu os seus pares e subordinados e, principalmente, os Servidores Civis.
Gaúcho aguerrido e bravo defenderia a REPÚBLICA RIOGRANDENSE com seu suor e sangue se fosse preciso, assim, de forma igual, defende seu lugar e seu posto dentro da caserna, tal qual defende seu time do coração o GRÊMIO FOOTBALL PORTO ALEGRENSE.
Muitos anos depois, esse incontestável recruta, tornou-se Oficial do Exército Brasileiro. Estava aí confirmada a realização do sonho desse recruta. Mas a vida lhe reservava uma surpresa mais agradável. O gaúcho de origem italiana galgara todos os Postos do oficialato existentes no Quadro Auxiliar de Oficiais do Exército e chegou ao Posto máximo: CAPITÃO.
Hoje o recruta Anghinoni, é o Cap QAO Topógrafo Anghinoni, militar que jamais deixou seus comandados e nem seus pares e superiores sem uma resposta, seja qual for a situação.
Enfim, mais de 33(trinta e três) anos se passaram e o Sr Recruta Anghinoni, hoje Capitão, ingressou na Reserva Remunerada.
Continua leal e ingênuo, impulsivo na alegria e na temeridade, precavido, perspicaz, sóbrio, infatigável, bravo, discutido, temeroso, temido e feliz quanto antes. É especialista no que faz e sempre foi dotado de uma memória rara, nítida e   brilhante. Jamais imaginou o que não existia, sempre manteve os pés no chão nas suas iniciativas, atuações e realizações.
Enfim, o recruta Anghinoni teve uma carreira laureada e vitoriosa, apesar das mazelas advindas de pessoas incompetentes com as quais conviveu.
E essa é a verdadeira história do recruta Anghinoni.
   Essas recordações representam menos de um por cento do que esse militar realizou ou viveu.
- RECRUTA ANGHINONI...!!!
- SEEEEEEELVA...!!!
MAZZAROLO ANGHINONI
Enviado por MAZZAROLO ANGHINONI em 18/05/2016
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